Nas últimas duas semanas de abril de 2025 as tensões comerciais entre Estados Unidos e China voltaram a subir acentuadamente, reacendendo uma “guerra tarifária” que vinha sendo observada globalmente. Desde o anúncio de novos aumentos de tarifas pelo governo americano até a retaliação imediata de Pequim, todo esse cenário tem repercussões diretas nas operações de empresas multinacionais. As exportações chinesas até dispararam em março (crescimento de 12,4% ano a ano, turbinadas por remessas antecipadas antes da vigência das novas tarifas) (China’s March exports jump in temporary boost as Trump 2.0 heaps pressure | Reuters), mas analistas alertam que esses ganhos são temporários e devem reverter nos próximos meses. O fechamento abrupto do comércio bilateral – com tarifas chegando a 145% sobre produtos chineses nos EUA e 84-125% sobre bens norte-americanos na China – pode reduzir o intercâmbio entre as duas economias em até 80% (First Thing: US-China trade row escalates as Beijing’s 84% tariffs come into effect | US news | The Guardian). Isso aumenta custos globais e mina a confiança dos mercados. Para gestores de RH em grandes empresas, é urgente entender esse contexto para ajustar estratégias de recrutamento e seleção. Em especial, soluções de RPO (Recruitment Process Outsourcing, terceirização do recrutamento) podem ajudar a flexibilizar a captação de talentos em meio à volatilidade econômica.
Panorama atual das relações EUA-China
As negociações comerciais tornaram-se ainda mais imprevisíveis em abril. O presidente Donald Trump anunciou em 2 de abril a ampliação de tarifas comerciais recíprocas de 10% para a maioria dos parceiros (por 90 dias), mas excluindo a China dessa suspensão, ao mesmo tempo em que elevou as sobretaxas sobre produtos chineses a 125% (Bolsas abrem em alta na Ásia por alívio com tarifas; Japão salta 10% | CNN Brasil). Em resposta, o governo chinês elevou alíquotas adicionais sobre bens dos EUA para 84%, aprofundando a disputa (China diz que adotará tarifas retaliatórias de 84% sobre produtos dos EUA | CNN Brasil). Essa escalada levou a um vaivém nos mercados: bolsas asiáticas abriram em forte alta no dia 10 de abril, quando Trump anunciou o acordo temporário, fazendo o índice Nikkei (Japão) subir quase 8% e Shanghai subir 1,3%.
O impacto das decisões políticas nos mercados financeiros: painel eletrônico em Tóquio mostra alta do Nikkei após anúncio sobre tarifas comerciais.
Mesmo assim, a instabilidade persiste. Após o anúncio de Trump, o chefe do comércio americano chegou a dizer que o presidente “espera ter conversas” com o líder chinês Xi Jinping (Secretário de Comércio diz que Trump espera ter conversas com Xi Jinping | CNN Brasil), mas até o fim do mês nada havia se concretizado. Em meio a esse impasse, órgãos multilaterais soam o alerta: Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC, afirmou que a guerra tarifária crescente pode “prejudicar severamente” o crescimento econômico global, já que EUA e China representam juntos cerca de 3% do comércio mundial.
Diante dessa incerteza, grandes instituições financeiras já corrigiram para baixo as projeções de crescimento da China. Estações de pesquisa do Goldman Sachs e do Citigroup reduziram suas estimativas do PIB chinês para 4,0% e 4,2% em 2025 (antes estavam em 4,5% e 4,7%) (China’s March exports likely got front-loading lift before Trump’s new tariffs took effect | Reuters). Em suma, o ambiente geopolítico e econômico exige cautela dos líderes empresariais: cadeias globais podem ser redesenhadas, estoques recalculados e investimentos adiados.
Impactos diretos para as empresas
Os desdobramentos recentes têm efeitos imediatos nos negócios em vários níveis. As principais consequências são:
- Quebra nas cadeias de suprimento – Produtos intermediários importados da China ficam muito mais caros nos EUA (tarifa de 125%) e vice-versa (84%). Fabricantes americanos de eletroeletrônicos, por exemplo, veem o custo de componentes subir, pressionando margens. Por outro lado, fábricas chinesas perdem competitividade no mercado interno estadunidense. Muitos observadores apontam que setores como tecnologia, automotivo e bens de capital deverão sofrer atrasos ou interrupções nas entregas, forçando empresas a buscar fornecedores alternativos (países do Sudeste Asiático, México, Índia etc.).
- Aumento de custos operacionais – Tarifar insumos e bens finais gera inflação de produção. A indústria petroquímica é um exemplo: a China chegou a aplicar 125% de tarifa sobre o etanol importado dos EUA, insumo crítico para plásticos (China suspende tarifas sobre importações de etanol dos EUA, dizem fontes), mas precisou suspender essa sobretaxa para não travar sua cadeia interna. Em outros setores, o encarecimento de matéria-prima (metais, peças eletrônicas, componentes industriais) pode levar a aumento dos preços finais e maior pressão sobre o orçamento das empresas.
- Repensar expansão internacional – Empresas planejando crescer nos EUA ou na China precisarão rever estratégias. Se antes a China era destino natural para venda e/ou manufatura, agora a escalada tarifária gera incerteza sobre demanda e riscos de investimentos. Alguns podem frear abertura de novas fábricas ou filiais nesses países. Ao mesmo tempo, pode surgir oportunidade em mercados alternativos: por exemplo, fortalecer presença em regiões com acordos de livre-comércio (como APEC, USMCA) para reduzir exposição direta às tarifas bilaterais. O quadro atual encoraja a diversificação internacional de projetos e uma revisão nos planos de expansão global – tudo isso requer planejamento de mão de obra adequado.
- Volatilidade no fluxo de caixa – Redução abrupta de vendas em um mercado pode provocar excesso de estoque ou ociosidade fabril. Isso afeta previsões de contratações e orçamentos de RH. Empresas exportadoras e importadoras devem revisar projeções e custos, considerando possíveis cenários de guerra comercial prolongada. Segundo previsão da OMC, o comércio de bens entre EUA e China pode diminuir 80% sob essas condições, o que implicaria em quedas drásticas de receita para companhias que atuam fortemente entre esses polos.
Em suma, o atual conturbado relacionamento EUA-China impõe às empresas maior resiliência estratégica: cadeias mais curtas e flexíveis, estoques inteligentes e planos de contingência. Para o RH, significa preparar a força de trabalho para transições rápidas (por exemplo, realocação de equipes ou contratação em novas geografias) e avaliar o impacto dessas mudanças sobre a contratação de pessoal.
Orientações práticas para o RH agora
Diante desse cenário, líderes de RH de grandes empresas podem tomar as seguintes ações imediatas:
- Mapeie competências críticas – Identifique as habilidades-chave para manter operações essenciais caso parte da cadeia migre ou sofra interrupção. Por exemplo, se uma fábrica for transferida do leste da China para o Vietnã, quais perfis técnicos e bilíngues serão necessários? Quais conhecimentos em regulamentações de comércio exterior e logística são indispensáveis? Esse mapeamento ajuda a antecipar vagas urgentes e evitá-las em último minuto.
- Atualize programas de treinamento – Invista em qualificação interna. Em um ambiente incerto, empresas valorizam funcionários flexíveis. Oficinas de atualização em supply chain management, compliance internacional, idiomas estrangeiros ou gestão de crises aumentam a capacidade de adaptação do time. Também vale criar rotações entre unidades de diferentes países para desenvolver a visão global dos talentos internos.
- Diversifique bancos de talentos – Expanda redes de recrutamento para além dos centros tradicionais. Busque potenciais candidatos em diferentes regiões (América Latina, Europa e Ásia) por meio de plataformas digitais e parcerias acadêmicas. Assim, se houver necessidade súbita de mão de obra qualificada em um novo local de operação, já existe um pool de candidatos preparado. Nesse contexto, manter uma pipeline de talentos ativa – candidatos pré-aprovados e qualificados – é fundamental.
- Fortaleça a marca empregadora – A instabilidade econômica pode tornar os melhores profissionais mais cautelosos. Uma comunicação transparente sobre a empresa, sua visão de longo prazo e programas de carreira atrativos ajuda a manter o interesse dos candidatos. Oferecer benefícios de retenção (como plano de carreira internacional, treinamento contínuo e suporte à relocação) também faz diferença para atrair e reter talentos em tempos de crise comercial.
- Planeje contratações escaláveis – Organize planos de recrutamento por cenários (otimista, base, pessimista). Determine quais funções são “fixas” (sempre necessárias) e quais podem ser ajustadas conforme o cenário econômico. Desenvolva cronogramas flexíveis de contratação. Por exemplo, evite preencher vagas que estejam ligadas a projetos de expansão nos EUA/China enquanto não houver clareza sobre tarifas; ou desenhe contratos temporários para funções de suporte que podem ser encerradas em caso de retração.
- Considere parcerias especializadas (RPO) – Em momentos de alta demanda pontual de contratação ou realocação de profissionais, uma solução eficaz é terceirizar parte do processo seletivo. O RPO (Recruitment Process Outsourcing) coloca um time externo dedicado a acelerar contratações em projetos específicos, liberando a equipe interna de RH. Além disso, provedores de RPO têm alcance global e podem identificar talentos em mercados diferentes, algo valioso se a empresa passar a operar em novas localidades. Investir em RPO pode ser uma vantagem estratégica para responder rápido às mudanças do mercado de trabalho.
O papel estratégico do RPO no recrutamento
Diante do atual cenário econômico global, as soluções de RPO tornam-se um diferencial competitivo para grandes empresas que precisam ajustar rápido sua força de trabalho. Entre os benefícios, destacam-se:
- Escalabilidade e rapidez: Um provedor de RPO estrutura uma infraestrutura capaz de ampliar contratações de forma ágil, mesmo em grande volume. Se a empresa precisar abrir dezenas de vagas simultâneas (por exemplo, para uma nova planta internacional), o RPO movimenta equipes e processos para preencher esses cargos em prazos realistas.
- Redução de custos fixos: O RPO transforma custos fixos de recrutamento em custos variáveis conforme a demanda. Isso significa que, em momentos de queda nas contratações, a empresa não fica com estrutura ociosa. Além disso, economiza em tecnologias de recrutamento e mantém só os recursos necessários quando surgem vagas.
- Qualidade de candidatos e expertise: Fornecedores de RPO trazem especialistas em recrutamento (por indústria e função). Eles ampliam a rede de candidatos, melhorando a qualidade das seleções. Por serem focados em recrutamento, já dominam técnicas avançadas de atração de talentos e têm contatos estabelecidos em diversos setores e regiões.
- Foco no core do RH: Ao terceirizar a seleção de posições críticas (especialmente as mais urgentes ou de massa), a equipe interna de RH fica livre para se dedicar a atividades estratégicas, como desenvolvimento organizacional e retenção de pessoal. Na prática, o RPO alivia até 90% das tarefas administrativas ligadas à contratação e integração de novos funcionários, permitindo que o RH foque no planejamento de longo prazo e na experiência do colaborador.
- Melhora da experiência dos candidatos: Uma gestão de recrutamento profissionalizada (típica do RPO) oferece melhor comunicação e processo claro aos candidatos. Em cenários de guerra comercial, onde talentos qualificados podem ter várias oportunidades, garantir um tratamento diferenciado faz a diferença para fechar com os melhores profissionais.
Em suma, investir em RPO e em processos eficientes de recrutamento e seleção agrega agilidade e expertise à estratégia de RH em tempos de incerteza. Uma empresa que antecipa cenários, capacita seu time e conta com parceiros de recrutamento ágeis estará melhor posicionada para atravessar as turbulências atuais. Citar dados recentes e confiar em fontes do mercado (como mostramos) reforça a credibilidade das decisões. Com informações atualizadas e um plano de ação bem definido, o RH pode não apenas mitigar riscos, mas também aproveitar oportunidades de ajuste de equipes, tornando o recrutamento e seleção um motor de adaptação competitiva.
Fontes: Notícias e análises recentes (abril/2025) sobre o comércio EUA-China (China’s March exports jump in temporary boost as Trump 2.0 heaps pressure | Reuters) (China’s March exports likely got front-loading lift before Trump’s new tariffs took effect | Reuters) (Bolsas abrem em alta na Ásia por alívio com tarifas; Japão salta 10% | CNN Brasil) (China diz que adotará tarifas retaliatórias de 84% sobre produtos dos EUA | CNN Brasil), estatísticas da OMC e de pesquisas de mercado (First Thing: US-China trade row escalates as Beijing’s 84% tariffs come into effect | US news | The Guardian) (China’s March exports likely got front-loading lift before Trump’s new tariffs took effect | Reuters), além de insights da indústria de RPO (Five Ways Recruitment Process Outsourcing (RPO) Helps You) (Five Ways Recruitment Process Outsourcing (RPO) Helps You).