O setor varejista sempre foi um dos grandes motores de geração de empregos e, em 2025, esse papel permanece fundamental. Mesmo com uma leve desaceleração econômica prevista, o varejo brasileiro continua criando oportunidades: somente o segmento de supermercados contava com 357 mil vagas de trabalho abertas em março de 2025. Esse número impressionante reflete a escala do setor, que já emprega cerca de 3 milhões de pessoas apenas nos supermercados. Em outras palavras, uma parcela significativa da força de trabalho nacional está no varejo, do chão de loja aos centros de distribuição.
Panorama da empregabilidade no varejo em 2025
Após a retomada pós-pandemia, o varejo apresentou forte recuperação em 2024 e adentrou 2025 aquecido. Por exemplo, em fevereiro de 2024 o comércio varejista paulista gerou 338% mais vagas do que no mesmo mês do ano anterior, abrindo quase 12 mil novos postos de trabalho. Embora haja expectativas de crescimento mais moderado para 2025, o setor continua a responder por uma fatia expressiva das contratações formais no país. Um levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio) indicou a contratação de cerca de 98,1 mil trabalhadores temporários no Natal de 2024 pelo varejo brasileiro – volume ligeiramente menor que em 2023, mas ainda assim revelador da importância das festas de fim de ano na geração de vagas.
Esse dinamismo do varejo na criação de empregos se reflete não apenas em vagas temporárias, mas também em posições permanentes, especialmente em funções operacionais. Redes de lojas, supermercados e e-commerce continuamente buscam pessoal para vendas, caixas, estoquistas, logística e entregas. No cenário global, grandes varejistas também estão em expansão: a norte-americana Kroger, por exemplo, anunciou em 2025 planos de contratar 15 mil novos funcionários em diversas áreas (lojas, cadeia de suprimentos, etc.), evidenciando que o apetite por mão de obra no varejo permanece alto.
Lidando com alto volume de vagas operacionais e sazonais
O varejo caracteriza-se pelo alto volume de vagas operacionais e picos sazonais de contratação. Períodos como o final de ano, Dia das Mães e Black Friday provocam uma demanda extraordinária por mão de obra temporária para dar conta do aumento nas vendas. Conforme citado, na última temporada de Natal foram abertas cerca de 98 mil vagas temporárias no país. Essas contratações sazonais ajudam a sustentar o nível de serviço em momentos de pico, mas também representam um desafio logístico para as equipes de Recursos Humanos, que precisam recrutar e selecionar centenas ou milhares de pessoas em janelas de tempo muito curtas.
Além das demandas sazonais, o setor lida com um fluxo constante de vagas operacionais ao longo do ano. Funções de atendimento, caixa, reposição de estoque e entrega apresentam alta rotatividade – muitos desses cargos são ocupados por jovens em seu primeiro emprego ou por trabalhadores transitórios, o que resulta em saídas frequentes. De fato, estima-se que a taxa média de turnover no varejo brasileiro seja em torno de 36% ao ano, bem acima do considerado saudável (por volta de 5–10%). Em segmentos como supermercados, a rotatividade chega a patamares ainda maiores, na casa de 58% ao ano. Esse índice significa que, a cada ano, mais da metade do quadro de funcionários precisa ser reposto – um ciclo que pressiona continuamente a área de recrutamento.
Para lidar com o alto volume de vagas, as empresas varejistas vêm adotando estratégias variadas. Muitas intensificam parcerias com escolas técnicas, programas de jovem aprendiz e bancos de talentos internos para atrair candidatos de forma recorrente. Outras investem em feirões de emprego e processos seletivos simplificados (por exemplo, avaliações em grupo e dinâmicas rápidas) para agilizar contratações coletivas. Há casos em que o setor precisou pensar “fora da caixa”: recentemente, a Associação Brasileira de Supermercados buscou firmar uma parceria com as Forças Armadas para aproveitar reservistas a fim de preencher parte das 357 mil vagas abertas nos supermercados – uma medida criativa diante da dificuldade de encontrar interessados, já que muitos jovens têm evitado essas posições devido a horários e salários pouco atrativos.
Agilidade nos processos seletivos: não perder talentos em um setor de alta rotatividade
Diante de um cenário de altíssima rotatividade e concorrência por mão de obra, a agilidade no processo seletivo torna-se crítica no varejo. Se a empresa demorar demais para entrevistar e contratar, arrisca perder candidatos para concorrentes ou até para outros setores. Estudos mostram que o tempo médio para preencher uma vaga no Brasil gira em torno de 40 dias – porém os melhores candidatos permanecem no mercado por apenas cerca de 10 dias antes de serem contratados por outra empresa. Ou seja, há uma janela muito curta para fisgar os talentos disponíveis. No varejo, isso é ainda mais evidente: com desemprego relativamente baixo e muitos candidatos buscando rápidas recolocações, um profissional operacional pode receber várias ofertas em poucos dias e aceitar aquela que vier primeiro.
Empresas varejistas líderes já perceberam que um processo seletivo ágil é um diferencial. Isso envolve simplificar etapas burocráticas, acelerar feedbacks e utilizar tecnologia para ganhar velocidade – como triagem automática de currículos, entrevistas por videochamada e até chatbots para primeiros contatos. Também significa descentralizar decisões quando possível: por exemplo, dar autonomia aos gerentes de loja para conduzirem entrevistas finais e aprovarem contratações de imediato para posições básicas, em vez de esperar pela validação de múltiplos níveis hierárquicos.
Os ganhos de agilidade impactam diretamente a operação. Cada dia que uma loja fica com posições abertas (caixa, vendedor, estoquista) é um dia de potencial atendimento perdido ou sobrecarga para os colegas, prejudicando vendas e a experiência do cliente. Por isso, reduzir o tempo de contratação não é apenas uma meta de RH, mas uma prioridade de negócio.
RPO como solução estratégica para escalar contratações
Diante desses desafios, muitas empresas têm recorrido ao Recruitment Process Outsourcing (RPO) – a terceirização do processo de recrutamento e seleção – como uma solução estratégica. Nesse modelo, a empresa contrata um parceiro especializado em RH que age como uma extensão da área de recrutamento e seleção. Em outras palavras, um time de especialistas externos faz o gerenciamento das etapas do processo de contratação, desde a triagem inicial de candidatos até a integração na organização, liberando a equipe interna para focar em questões mais estratégicas. O RPO permite lidar com volumes grandes de vagas sem sacrificar a qualidade das contratações, pois disponibiliza recrutadores experientes, tecnologia e metodologias focadas em eficiência.
Alguns benefícios-chave do RPO para o varejo incluem:
- Escalabilidade e agilidade: Equipes de recrutamento fornecidas pelo parceiro RPO podem ser rapidamente ampliadas conforme a necessidade. Isso viabiliza contratações em massa em prazos curtos – há casos de uma rede varejista nos EUA que preencheu 452 vagas em apenas 9 semanas para inaugurar 67 lojas. No geral, empresas que adotam RPO relatam reduções de até 60% no tempo de contratação em comparação aos processos tradicionais.
- Foco na qualidade e fit cultural: Mesmo com volume alto, o RPO mantém o rigor na seleção. Os consultores dedicados entendem o perfil do varejo e filtram candidatos aderentes aos valores e à cultura da empresa, aumentando as chances de retenção.
- Tecnologia e expertise dedicadas: Provedores de RPO costumam empregar plataformas avançadas de recrutamento, bancos de talentos atualizados e técnicas modernas de seleção por competências. Essa expertise, aliada ao conhecimento de mercado, resulta em processos mais assertivos do que a empresa poderia conduzir sozinha no mesmo período.
- Otimização de custos: Ao terceirizar o recrutamento, a empresa converte custos fixos (uma equipe interna grande, licenças de ferramentas de RH, etc.) em custos variáveis, pagando pelo serviço conforme a demanda. Além disso, processos mais rápidos significam menos dias com vagas em aberto (reduzindo horas extras e perda de produtividade). Não por acaso, uma pesquisa global da Deloitte apontou que a redução de despesas é o motivo número um para terceirizar processos empresariais. Em resumo, o RPO ajuda a fazer mais com menos, liberando a equipe interna de RH para focar em atividades estratégicas enquanto o parceiro cuida do alto volume de seleção.
Grandes empresas já colhem resultados com RPO. Gigantes do setor de tecnologia complementam seus times internos com parceiros externos de recrutamento – sabe-se que empresas do porte de Google e Meta recorrem a provedores globais de R&S para buscar talentos em escala. No Brasil, setores tradicionais também aderem: a mineradora Vale, por exemplo, adotou R&S terceirizado com times dedicados para lidar com picos de contratações, contando com o provedor para agilizar o recrutamento em alto volume sem sacrificar a qualidade. No varejo, embora muitas vezes de forma discreta, diversas redes têm utilizado RPO para suportar expansões (como abertura de dezenas de lojas simultaneamente) ou para recrutar rapidamente durante grandes campanhas sazonais. O caso do Walmart nos EUA é emblemático: durante a crise de 2020, a empresa precisou contratar 235 mil funcionários em apenas seis semanas para atender a um pico de demanda – um esforço quase impossível sem processos seletivos altamente eficientes e suporte externo. Esse exemplo extremo evidencia a importância de se contar com estratégias escaláveis de recrutamento.
Alocação de recursos flexível: times temporários ou dedicados
Uma das vantagens do RPO é a flexibilidade na alocação de recursos de recrutamento. As empresas podem optar por modelos sob medida conforme suas necessidades. Por um lado, é possível contratar equipes temporárias de recrutadores (via RPO on-demand) apenas durante períodos de pico – por exemplo, ter um grupo extra de recrutadores atuando nos meses que antecedem a Black Friday e o Natal, garantindo que todas as vagas temporárias sejam preenchidas a tempo. Por outro lado, há a opção de manter times de recrutamento dedicados permanentemente alocados pelo provedor dentro da empresa, algo especialmente útil para grandes varejistas que possuem alta demanda de seleção o ano todo. Esses times dedicados conhecem a fundo a cultura e os processos da companhia, atuando de forma integrada com o RH interno.
A alocação flexível de recursos de recrutamento acelera os processos seletivos e ajuda a manter o nível de serviço mesmo em picos de demanda. Quando surge uma necessidade inesperada – como inaugurar dezenas de novas lojas de uma vez ou substituir rapidamente um grande número de funcionários –, a empresa que já conta com uma estrutura de RPO pode responder prontamente. O provedor consegue realocar mais recrutadores para o projeto ou acionar sua base de dados de candidatos pré-qualificados, encurtando drasticamente o tempo para ter novos colaboradores contratados e treinados.
Como mencionado, empresas como a Vale recorreram a times dedicados do provedor para agilizar contratações em larga escala sem sacrificar a qualidade – experiência totalmente aplicável ao varejo. Em suma, essa abordagem garante que, mesmo nos momentos de pico, as lojas e operações não fiquem desfalcadas por falta de pessoal, pois o recrutamento consegue acompanhar o ritmo do negócio.
Em um setor conhecido pela intensidade e rapidez, gerentes de RH e CEOs do varejo precisam estar um passo à frente nas estratégias de talento. O ano de 2025 traz um mix de oportunidade e desafio: o varejo continua sendo vital na empregabilidade, mas exige das empresas uma capacidade inédita de atrair e contratar pessoas com agilidade e escala. Dados recentes mostram a dimensão desse desafio – milhares de vagas abertas, turnover acima da média – mas também apontam soluções. Investir em processos seletivos ágeis, aproveitar ferramentas tecnológicas e considerar parcerias como o RPO pode fazer toda a diferença para preencher vagas com eficiência e não perder bons profissionais.
No fim do dia, o sucesso no varejo depende das pessoas na linha de frente. Empresas que conseguirem unir velocidade e qualidade na contratação terão não apenas lojas bem atendidas e clientes satisfeitos, mas também uma vantagem competitiva num mercado em constante renovação. Em um ambiente de alta rotatividade, vencerá quem conseguir encaixar as peças certas no momento certo – isso significa recrutar rápido, com inteligência e com o apoio das melhores práticas e parceiros disponíveis no mercado.