Diversidade nas empresas: um longo caminho a ser percorrido

A diversidade é uma pauta que vem sendo discutida nos últimos anos com mais frequência. Atualmente, diversos setores da sociedade buscam aprender e entender mais o que torna esse assunto tão relevante e importante para o nosso desenvolvimento. E isso também acontece no mundo corporativo, dando voz à diversidade nas empresas.

De uns anos para cá, foi notado um aumento no número de empresas que buscam diversificar suas equipes e realizar atividades de inclusão em sua rotina. De acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 63% das empresas no Brasil realizam essas ações e promovem a diversidade em seu quadro de funcionários.

No entanto, a diversidade é um tema muito amplo. Para entendê-lo, é preciso conhecer todas as suas vertentes e quais as diferenças na inclusão empresarial entre cada uma delas.

Neste mês de junho, em que é comemorado o Orgulho LGBTQIA+, trazemos um artigo especial sobre este tema e como ele é enxergado nas empresas brasileiras nos dias de hoje. Contamos também com os depoimentos de Lunna Bueno, que faz parte da comunidade trans e trabalha como Recrutadora na RPO Solutions.

Confira abaixo!


Um caminho longo até a inclusão

Para falar de diversidade nas empresas, precisamos também falar sobre inclusão. Diferentemente do que algumas pessoas podem pensar, essas duas palavras não significam a mesma coisa para o mundo corporativo.

Este conceito se baseia na seguinte frase: “Diversidade é convidar para a festa. Inclusão é chamar para dançar”. Essa prática pode ser observada nas empresas que aplicam o tema “diversidade”, mas não praticam a inclusão destes colaboradores.

Segundo Lunna, ainda existe um grande caminho para que as empresas entendam essa diferença e pratiquem a diversidade de forma mais aberta. “No papel, na fala, é tudo muito organizado. Mas na hora da prática, não é o que a gente observa. Ela não é ainda uma prática humanizada”, apontou a recrutadora.

Isso é importante para entender qual a ideia das empresas por trás desse movimento da diversidade que vem acontecendo no mundo corporativo. Segundo uma pesquisa realizada entre a revista Você RH e a consultoria Mais Diversidade, 97% das empresas tinham a intenção de realizar ações de diversidade.

No entanto, a mesma pesquisa mostra que 67% das empresas no Brasil não sabem estruturar essas estratégias e não possuem amplo conhecimento sobre o assunto. Isso acaba fazendo com que as ações de diversidade nas empresas sejam apenas performativas, sem um aprofundamento real.

Quando o assunto é a inclusão LGBTQIA+, a quantidade de profissionais afetados dentro das empresas ou até mesmo em processos seletivos ainda é muito grande. De acordo com levantamento feito pela consultoria Santo Caos, 47% dos profissionais brasileiros preferem não revelar sua orientação sexual no ambiente de trabalho.

Esse número revela como as empresas ainda possuem um grande caminho para percorrer em questão de diversidade, desde o momento em que as pessoas passam por um processo de recrutamento até a integração no dia a dia profissional. 

Por conta disso, as empresas devem investir em diversidade, não apenas para mostrar que está atualizada e engajada em projetos sociais, mas também para que seus colaboradores não sejam afetados com o preconceito durante os processos da organização.

Ainda de acordo com Lunna Bueno, esse é um problema recorrente nas empresas brasileiras. Abaixo, compartilhamos seu depoimento sobre uma situação que passou durante um processo seletivo:

“Eu participei de um processo seletivo para ser Auxiliar de R&S. Então, no meu LinkedIn constava meu nome social e, quando me ligaram, minha voz me entregou. Ainda assim, o recrutador agendou uma entrevista, só que ele não compareceu. Eu fiquei esperando ele online por quase duas horas, enviei mensagens e mesmo assim não obtive resposta. Este foi um caso clássico de transfobia. Isso porque, até o momento em que ele tinha acesso somente ao meu currículo, as minhas habilidades estavam sendo consideradas. Mas na hora que entra a minha identidade, minhas habilidades se apagam.”

Representatividade interna e externa

Durante o mês de junho, podemos observar como diversas empresas começam a fazer campanha para seus funcionários e clientes, promovendo posts com as bandeiras da comunidade LGBTQIA+ e até mesmo a presença do arco-íris nas fotos de perfil juntamente com o logo da empresa.

Essa ação mostra que a empresa se preocupa com a causa. Mas é preciso fazer mais do que apenas se preocupar. É preciso ampliar a diversidade na empresa de forma justa, sem segregação de candidatos, para que eles sejam tratados de forma digna e avaliados somente por suas habilidades e experiências.

Além de promover este assunto, é preciso que ele seja feito da forma correta. Incluir os funcionários e mostrar a eles que a empresa está aberta para recebê-los e apoiá-los é imprescindível. 

No entanto, essas ideias precisam sair do papel. Um aspecto importante que colabora para que a diversidade nas empresas não seja feita de forma performativa, apenas no mês de junho e com a intenção de se autopromover, é preciso que as organizações realmente mostrem que dão oportunidades a todos.

Isso pode ser observado no próprio quadro de funcionários. Quantas empresas possuem colaboradores que fazem parte da comunidade LGBTQIA+? E quantos desses colaboradores estão em cargos de liderança?

É pela falta dessas pessoas em cargos altos nas empresas que as ações, geralmente, não são feitas com tanta profundidade e com tanta frequência, mesmo nos dias atuais. 

Para Lunna, a falta de diversidade na liderança das empresas é algo que afeta seu desenvolvimento. “Se o líder não entende de diversidade, pra ele isso não é uma dor. Porém, se ele já tem no time pessoas que fazem parte dessa diversidade, as ações já mudam. Se ele entende que existem essas outras identidades, ele já vai pensar nisso. Não somente no mês LGBT”, afirmou a recrutadora.

Essas ações não somente ajudam na imagem da empresa e em sua marca empregadora. Elas também melhoram os resultados internos, como mostrado em diversas pesquisas realizadas por consultorias por todo o mundo.

De acordo com dados da Boston Consulting Group, times com grande representatividade e diversidade aumentam em 19% a receita de suas empresas, graças aos seus projetos de inovação e desenvolvimento interno em questão de inclusão.

Porém, ainda é um longo caminho a ser percorrido. Na mesma pesquisa, 29% dos profissionais brasileiros entrevistados afirmam que suas empresas não fazem o suficiente quando o assunto é diversidade e inclusão.

Para que isso consiga ser revertido, é preciso que a sociedade mude em conjunto com as empresas. Somente dessa forma os profissionais se sentirão realmente incluidos e valorizados em suas organizações, independentemente de sua cor, sexo, nacionalidade, orientação sexual etc.

E é papel dos times de recrutamento e seleção observarem esses pontos, apresentarem melhorias e contribuírem para que suas empresas sejam cada vez mais diversas e deem valor aos colaboradores por suas habilidades profissionais, excluindo o preconceito do ambiente de trabalho de uma vez por todas.


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